Nesta quinta-feira (7), o Facebook informou que contas e perfis falsos que buscavam distorcer o debate público sobre questões ambientais foram derrubados. De acordo com a empresa dona da plataforma, a Meta, os responsáveis pelas publicações de desinformação eram oficiais do Exército Brasileiro. As identidades não foram reveladas.
As informações são do relatório trimestral da empresa sobre ameaças na plataforma. A rede brasileira é apontada como um exemplo de “comportamento inautêntico coordenado”, termo da empresa para a redes de perfis e páginas falsas usadas em prol da manipulação do debate público.
A plataforma derrubou 14 perfis falsos e nove páginas no Facebook e 39 contas no Instagram. Parte desses perfis e páginas estavam conectadas a páginas no Twitter. No Facebook, a rede somava 25 mil seguidores.
“Não podemos compartilhar muitos detalhes de como nossa investigação chegou aos militares. Quanto mais compartilhamos, mais essas redes conseguem se esconder. Usamos sinais técnicos e comportamentais”, disse Nathaniel Gleicher, chefe de política de segurança global do Facebook, ao jornal Estadão.
A empresa de monitoramento de redes sociais Graphika recebeu dados do Facebook e publicou um relatório independente. O documento tem mais detalhes sobre a ação de militares na plataforma.
Segundo o relatório, dois oficiais do Exército da ativa estão por trás da rede. Quatro perfis pessoais dos oficiais foram identificados, o que permitiu identificar a ligação dos homens com o Exército.
“Os nomes deles apareciam em registros governamentais e documentos públicos militares,incluindo os resultados de exames de admissão no Exército e uma tese de graduação da Academia Militar, o que nos permitiu determinar que suas carreiras começaram em 2012 e 2014”, afirma o relatório.
Páginas exaltavam governo e criticavam ONGs
Os perfis e páginas tentavam se passar por organizações da sociedade civil e ativistas interessados na preservação da Amazônia, segundo o Facebook.
Alguns posts afirmavam que “nem todo o desmatamento da floresta é prejudicial” além de atacarem ONGs reais que atuam na proteção do meio ambiente.
Uma delas é a página NaturAmazon, de acordo com o relatório da Graphika. Com 6.650 seguidores no Instagram, operou entre maio e setembro de 2021. As postagens incluíam imagens de animais e elogios ao governo no combate ao desmatamento e alegavam que o Brasil é líder na proteção ao meio ambiente. A página buscava colocar a culpa do desmatamento em ações individuais de pessoas comuns. “A NaturAmazon postava apenas notícias e estatísticas que apresentavam o governo e os militares de maneira positiva”, diz o documento.
Outra página derrubada foi a O Fiscal das ONGs, que tinha 7 mil seguidores no Instagram e parou de postar em setembro de 2021. A Graphika afirma que o objetivo da página era abalar a credibilidade de ONGs ambientais, entre elas o Imazon, o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace e o WWF.
Fonte: Yahoo!