Arlequins, pierrôs e colombinas, originários das comédias italianas do século XVI e incorporados ao carnaval, ganham as ruas de Corumbá neste domingo, ao lado das pastoras, palhaços e do corso (desfile de carros antigos enfeitados com serpentinas e confetes). É o Carnaval Cultural, instituído na cidade há 17 anos para celebrar os tempos das marchinhas, das brincadeiras de ruas com esguichos de água e lança-perfume do final do século XIX.
A cidade mais carnavalesca do Centro-Oeste encerra sua festa voltando ao passado, os tempos de romantismo de um carnaval que se transformou em uma indústria de turismo e consumo e ganhou o mundo. Apesar do isolamento, com acesso aos grandes centros somente pelo Rio Paraguai, Corumbá acompanhou a evolução do carnaval desde seus primórdios influenciada pelo Rio de Janeiro, de onde vinham marinheiros para prestar serviços na Marinha de Ladário.
Túnel do tempo
O Carnaval Cultural foi criado pela prefeitura para rememorar uma festa que se concentrava nos clubes até a criação da primeira escola de samba da cidade, em 1946. O evento, realizado na Avenida General Rondon, proporciona aos corumbaenses e turistas uma volta a um passado que ainda preserva os cordões carnavalescos, que surgiram no Brasil no final do século XIX, e as bandas de sopro, e incrementa novos elementos, como o bloco de frevo.
O último dia de carnaval começa às 20h, na passarela do samba, por onde passaram escolas de samba e blocos. Os bonecões, inspirados em personagens da cidade, fazem o abre-las com a Corte de Momo. Na sequência, sai o corso, que surgiu antes mesmo dos automóveis e era composto por carros puxados a cavalo, muito difundido no Rio de Janeiro no início do século XX. A próxima atração será o desfile de fuscas, que reúne dezenas de modelos originários.
A segunda etapa do evento tem a apresentação das alas das pastoras e dos marinheiros, entrando em seguida na avenida o alegre Bloco de Frevo, composto por dançarinos e alunos das escolas de dança da cidade. Uma das principais atrações é o desfile dos cordões carnavalescos, alguns fundados há 70 anos. O nome deriva de um grupo de pessoas desfilando em fila pelas ruas, ao som de um apito. O evento finaliza com o Bloco dos Palhaços.
Volta triunfante
Com o apoio do Governo do Estado, o retorno do carnaval em Corumbá, após dois anos suspenso devido a pandemia do coronavírus, foi um sucesso, com público médio de 15 mil pessoas por noite no circuito do samba. A maior concentração ocorreu no dia 20, com o show do cantor Tatau (ex-vocalista do grupo Araketu), na Praça Generoso Ponce, reunindo 20 mil pessoas. Esse público deve se repetir com o show da banda Chiclete com Banana, neste domingo.
No sábado, desfilou na Avenida General Rondon o segundo grupo das escolas de samba, com uma surpresa: o renascimento da agremiação Major Gama, campeã em 2007 e com apresentações fracas nos anos subsequentes (foi última colocada no carnaval e 2019). Com o enredo “Com as bênçãos da Pomba da Paz, a Major Gama exalta as Marias da História da Vida”, a escola foi compacta na avenida, com destaque para as fantasias e carros alegóricos.
Uma das favoritas ao título, a bicampeã A Pesada foi uma das escolas mais vibrantes e empolgou o público com o enredo “Em uma história de amor, nem tudo que reluz é ouro”, inovando com um desfile dividido em quatro atos e mesclando samba e forró. Outra escola com vários títulos, a Unidos da Vila Mamona fez uma apresentação discreta e pouco criativa. Desfilaram ainda no sábado as escolas Marquês de Sapucaí e Imperatriz Corumbaense.
Texto e fotos: Subsecretaria de Comunicação – Subcom