A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul abriu um inquérito para investigar Marquinhos Trad (PSD), candidato ao governo de Mato Grosso do Sul e ex-prefeito de Campo Grande, após denúncias de assédio sexual. As investigação foi publicada inicialmente pelo site Metrópoles e confirmada pelo UOL. Trad negou as acusações e falou em “desespero porque estamos aparecendo em primeiro nas pesquisas”.
O inquérito foi aberto depois que a polícia fez uma apuração preliminar baseada em denúncias feitas na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) por quatro mulheres. Três delas disseram ter sido vítimas de assédio sexual e afirmaram que, com dificuldades financeiras, receberam propostas do gabinete da prefeitura de Campo Grande para empregos em órgãos do município.
As supostas vítimas falaram que foram cortejadas por Trad, que fazia truques de mágica com baralho, e afirmava ter desejos sexuais. Das três vítimas, duas argumentaram ter relações sexuais consentidas no gabinete do ex-prefeito por um período.
A investigação preliminar da Polícia Civil apontou que Ana*, uma das vítimas, teria dito que Trad a levou ao banheiro do gabinete, tentou beijá-la, levou sua mão ao corpo dele, inclusive tentou passar a mão dela no órgão genital dele. Segundo a mulher, o candidato desistiu após a mulher negar manter relação sexual com ele.
Já no depoimento de Carla*, ela disse que sofreu assédio de Trad alguns meses após terminar a relação consensual e extraconjugal que tinha com o ex-prefeito. Em 17 de junho, argumentou a mulher, ele teria tentado beijá-la forçadamente no comitê de campanha dele.
A terceira mulher, Patrícia*, fez um depoimento parecido com o de Carla. A única diferença das versões seria que Patrícia disse que o candidato ao governo não teria aceitado usar preservativo durante o ato sexual consentido mesmo diante dos pedidos dela. A terceira depoente declarou que foi quatro vezes ao gabinete de Trad após receber promessas de emprego dele — que nunca se concretizaram — e as relações sexuais teriam ocorrido nessas ocasiões.
Por fim, a quarta depoente, Rebeca*, disse que nunca viu Trad pessoalmente, mas seu depoimento tenta reafirmar as declarações de Patrícia* e Carla*.
Ao UOL, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul confirmou que o inquérito foi aberto, sendo comandando pela delegada Maíra Machado, e que segue sob sigilo. “A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher não vai se manifestar a respeito da investigação”, concluiu.
O que dizem Trad e o PSD
Ao UOL, Trad negou as acusações, falou em “desespero porque estamos aparecendo em primeiro nas pesquisas” e acrescentou não ser a “primeira vez que usam de baixaria para se manter no poder a qualquer custo”.
Uma tentativa covarde, rasteira. Estão desesperados porque estamos em primeiro nas pesquisas, mas não conseguirão mudar a vontade da população de dar um basta nesta gente que administra pensando nos próprios interesses e é capaz de tudo para conseguir o que quer. Já tentaram isso em 2020 e a própria polícia considerou uma armação.
Marquinhos Trad (PSD), candidato ao governo do Mato Grosso do Sul
O candidato ao governo completou dizendo que segue com “mais vontade de trabalhar” após as acusações.
“Sigo com ainda mais vontade de trabalhar por nossa gente, corrigir injustiças, combater desigualdade. Pena os inúmeros casos de corrupção que fazem parte deste e do governo passado não merecerem tanto destaque, ainda que tenham custado vidas e milhões de reais dos cofres públicos”, finalizou.
À reportagem, a assessoria do político ainda enviou vídeos no qual uma mulher — que não teve a identidade revelada — acusa dois membros do governo estadual de oferecer dinheiro em troca de “vídeos ou conversas” que pudessem comprometer Trad.
Já o PSD afirmou ao UOL que confia na conduta de Trad e que possíveis apurações vão mostrar a “correção da conduta do ex-prefeito”.
“O partido reafirma sua confiança na conduta do prefeito Marquinhos Trad, uma liderança com inúmeros bons serviços prestados à população do Mato Grosso do Sul, nos diversos cargos que ocupou, tendo recebido seguidas aprovações dos eleitores nas urnas. A legenda confia que eventuais apurações necessárias demonstrarão, mais uma vez, a correção da conduta do ex-prefeito.”
*Nomes fictícios
Fonte: UOL