O general Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), e militares do governo, como o general da reserva Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) e o almirante Bento Albuquerque (ex-ministro de Minas e Energia), receberam salários brutos que somam pagamentos de até R$ 1 milhão durante a pandemia da covid-19 no Brasil.
Segundo levantamento feito pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) com base em dados disponíveis no portal da transparência, Braga Netto recebeu, em março e abril de 2020, pagamentos que, juntos, somaram R$ 925.950,40 —desse montante, o militar recebeu R$ 119.996,72 somente em férias.
O almirante Albuquerque recebeu R$ 1.037.015,42 nos meses de maio e junho do mesmo ano. O valor corresponde a R$ 709.041,47 de remuneração, R$ 59.631,63 de férias e mais R$ 268.342,32 de verbas indenizatórias.
Já o general Ramos recebeu uma quantia de R$ 731.879,43 na soma de pagamentos feitos em julho, agosto e setembro de 2020, sendo R$ 537.798,74 somente de verbas indenizatórias.
No total de pagamentos feitos a todos os militares do governo, o levantamento feito por Vaz aponta que saíram mais de R$ 17 milhões dos cofres públicos da União em 2020.
Por meio de nota, o deputado afirmou que vai apresentar requerimento ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, pedindo explicações sobre o pagamento de remunerações extraordinárias.
“É estarrecedor que, em um ano tão difícil para o nosso país como foi 2020, no auge da pandemia da covid-19, quando o governo limitou o pagamento de auxílio emergencial a quem estava passando fome, um grupo de privilegiados tenha recebido valores milionários além do salário. É um tapa na cara do povo brasileiro”, disse Vaz.
A nossa preocupação é que Bolsonaro esteja utilizando esses benefícios como instrumento de cooptação de alguns setores das Forças Armadas, representando uma ameaça à democracia. Estamos atentos a qualquer ação nesse sentido.
DEPUTADO FEDERAL ELIAS VAZ (PSB-GO)
O requerimento de Vaz também é assinado pelo deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP).
Explicação do Exército
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o Exército afirmou que, no caso de Braga Netto, os pagamentos incluem indenização por férias não usufruídas e adicionais não recebidos ao longo da carreira.
Já no caso de Ramos, os valores entraram no contracheque em função da passagem para a inatividade e indenização por férias e licença especial não usufruídas. As Forças Armadas argumentaram ainda que os pagamentos estão fundamentados em instrumentos legais.
O UOL também entrou em contato com o Exército e a Marinha e aguarda retorno.
Fonte: UOL