Menos de 1% de toda a água do planeta é potável e está disponível para consumo. O assunto está estimulando uma profunda reflexão e mudança de postura das pessoas e do setor produtivo. O objetivo é usar de modo mais sustentável os recursos hídricos, pensando no presente, mas principalmente na sua preservação para o futuro.
Em Mato Grosso do Sul, o agro tem contribuindo com essa mudança. Produtores rurais têm adotado cada vez mais boas práticas e tecnologias para utilizarem de modo mais racional a água em seus sistemas produtivos.
Além disso, o Sistema Famasul e o Senar/MS vem realizando um trabalho para identificar e proteger as nascentes nas propriedades rurais do estado. Desde 2020, em parceria com os sindicatos rurais, já foram mapeadas e protegidos 1.373 nascedouros.
“Iniciamos as ações de proteção de nascentes em 2015, por meio do Programa Nacional de Proteção de Nascentes, da CNA e Senar. Reconhecendo a importância da continuidade deste trabalho, retomamos em 2020 e desde então essa iniciativa se tornou das ações contínuas do Senar/MS”, explica a analista de Assistência Técnica e Gerencial, Janaina Menegazzo Gheller.
O principal instrumento neste trabalho tem sido a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG). “A indicação da presença de nascentes na propriedade é feita durante a primeira visita do técnico de campo, no entanto a identificação e proteção acontece no decorrer das demais visitas. Para fazer isso, esse profissional passa, antes, por uma capacitação oferecida e certificada pela CNA”.
A partir da identificação, a analista relata que é aplicada uma metodologia baseada em cinco passos para assegurar a preservação. “O primeiro é a indicação do local, coletando as coordenadas geográficas para mapeamento e respondendo um questionário que vai registrar qual o tipo da nascente e sua atual condição. Depois, conforme a condição deste nascedouro, o técnico faz algumas recomendações aos produtores. As principais são: cercar e limpar a área, controlar a erosão e replantar espécies nativas na mata ciliar”.
Com esse trabalho, Janaina ressalta que o produtor demonstra todo seu compromisso com a sustentabilidade de sua produção e com a preservação do meio ambiente. “Ele assume um papel importante frente ao meio ambiente e a sociedade. Em relação ao meio ambiente, ao proteger a nascente, o produtor está garantindo a continuidade do ciclo de forma sustentável, principalmente em épocas de estiagem, além de favorecer a sobrevivência de organismos dependentes dessa fonte. Do ponto de vista social, demonstra responsabilidade sobre a qualidade de vida da população, pois proteger um ponto de nascente garante abastecimento com água de qualidade”, destaca.
Das 1.373 nascentes identificadas nas propriedades rurais do estado, mais de 60%, o equivalente a 834, foram localizadas somente no ano passado, quando o trabalho das ATeGs chegou a mais de 8 mil produtores rurais do estado. Para este ano, a analista diz que os trabalhos estão em ascensão e que a meta da entidade é chegar até o fim do ano a 2 mil.
Fonte: G1