PMs que perseguiram e agrediram jornalista serão transferidos durante investigação em MS

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Os quatros policiais militares suspeitos de perseguirem e agredirem o jornalista Sandro Almeida de Araújo, de 46 anos, serão transferidos das funções na região de Nova Andradina (MS), cidade onde as agressões ocorreram. A agressão foi filmada por câmeras de segurança. Assista ao vídeo acima.

A informação da transferência foi confirmada ao g1 pela chefe de comunicação da Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel Neidy Centurião. A confirmação da mudança deve ser publicada em Diário Oficial.

A coronel informou que os policiais não foram afastados e devem ser encaminhados para o trabalho, em Campo Grande. A medida da corregedoria é para que a investigação do caso não seja “influenciada”.

“Os policiais serão transferidos da região de Nova Andradina. A medida foi adotada para que a investigação do caso não seja contaminada. Queremos esclarecer este caso com afinco e o mais rápido possível. O procedimento disciplinar será adotado após o término das investigações”, detalha a coronel.

No dia da agressão, um dos suspeitos estava de folga e outro afastado do trabalho por atestado médico, de acordo com o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira.

Quanto às especificidades dos casos dos policiais, as investigações vão levar em conta as individualizadas de cada um dos suspeitos, garantiu a coronel Neidy. “Cada ato será apurado de forma individual na medida de cada policial. As especificidades serão conduzidas individualmente”, comentou coronel.

Jornalista abalado

O que antes era um hábito comum de trabalho, atualmente demostra fragilidade. O jornalista Sandro Almeida de Araújo, de 46 anos, está com medo de voltar às ruas para trabalhar, em Nova Andradina (MS). O profissional foi agredido por policiais militares em frente de casa.

Ainda fragilizado com as agressões e com medo de sofrer represálias, Sandro não sabe se vai voltar ao ofício na cidade com pouco mais de 45 mil habitantes.

“Me senti fragilizado, estou com o meu psicológico abalado. Se fazem isso com quem conhecem na luz do dia, imagina o que podem fazer na calada da noite. Não sei mais o que eu faço, não sei o que fazer da minha vida. Eu trabalho com o jornalismo, não sei se vou para rua”, comenta o jornalista.

Entenda o caso

O jornalista Sandro Almeida de Araújo foi perseguido e agredido por quatro policiais militares no momento em que chegava em casa, em Nova Andradina (MS), na sexta-feira (2). A agressão foi filmada por câmeras de segurança.

Em contato com o g1, o jornalista disse que foi enforcado e agredido pelos quatro policiais. No vídeo é possível ver que os agressores chegam em dois carros, um é estacionado na via de forma incorreta, e partem para cima de Sandro.

Segundo o jornalista, os homens não se identificaram como policiais e não apresentaram mandados de busca ou intimação.

“Fui perseguido no meio da rua. Quando percebi que estava sendo perseguido, corri com o carro para frente de casa, já pensando que as câmeras iriam filmar. Quando vi um cara descendo do carro, não reconheci, o segundo eu reconheci e vi que era policial militar de Nova Andradina”, detalhou o jornalista.

Os filhos de Sandro, que estavam dormindo, foram acordados pelo barulho alto e viram o pai sendo agredido.

De acordo com o jornalista, e como é possível ver no vídeo das câmeras de segurança, pelo menos um dos policiais estava armado. Sandro detalha que ficou sem ar ao ser mobilizado pelos suspeitos.

“Comecei a falar que tenho pressão alta e que não estava bem, os homens pararam de me enforcar. Os homens disseram que queriam revistar meu carro, mesmo sem nenhum tipo de mandado, eu deixei. Eles revistaram meu carro, não acharam nada. Depois da revista eu entrei na minha casa, tomei um remédio para me acalmar, voltei para o portão e os homens tinham ido embora”.

O jornalista disse que não entendeu um motivo para as agressões. Entretanto, acredita que tenha sido agredido pela atuação na cobertura de segurança pública em Nova Andradina. “Eu costumo a cobrir a parte de segurança pública na cidade, informar sobre falhas. Alguns policiais pediam para eu revelar minhas fontes, mas não revelava. Acredito que tenha sido agredido pela minha atuação”.

Investigação pela corregedoria da PM

Após as agressões, Sandro registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia de Nova Andradina. O caso foi registrado como agressão.

Pelo caso envolver Policiais Militares, a Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul foi acionada e vai investigar o caso. O g1 entrou em contato com a PM, que afirmou ter instaurado procedimento administrativo para apurar as circunstâncias do caso. Leia a nota na íntegra:

“O Comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informa que já está tomando tomas as medidas necessárias para elucidar os fatos ocorridos na data de 02 de junho, na cidade de Nova Andradina, na qual esteve envolvido o cidadão Sandro de Almeida Araújo. Será instaurado procedimento administrativo para apurar as circunstâncias, bem como, a conduta dos Policiais Militares envolvidos nessa ocorrência. A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul é formada por mulheres e homens que diariamente servem a sociedade sul-mato-grossense mesmo com o risco da própria vida e, em respeito a esses policiais militares e a toda comunidade atendida pela Corporação, o Comando da PMMS, reafirmando o compromisso da instituição com o fiel cumprimento das leis tem total interesse em elucidar as circunstâncias do fato citado. Ademais, a PMMS é uma instituição que preza e promove o Estado Democrático de Direito o qual se solidifica, também, pelo livre trabalho da imprensa, segmento que atua em harmonia com a Corporação, inclusive, incentivando o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido pela Polícia Militar”.

Fonte: G1

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