É falso que a variante Ômicron não está mais em circulação e que vacina seja insegura para crianças

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Circula nas redes sociais um vídeo do médico e deputado federal Luiz Ovando (PP-MS) afirmando que a Ômicron, variante da Covid-19, já não estaria mais em circulação e, por isso, não haveria mais razão para a aplicação da vacina bivalente. Além disso, também é dito que o mesmo imunizante provocaria doenças autoimunes em crianças. É falso.

Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:

A Ômicron já foi banida. Ela já não está mais em circulação

– Trecho da narração do vídeo que circula nas redes sociais

Falso

De acordo com os dados das amostras brasileiras sequenciadas e identificadas pela Rede Genômica Fiocruz e outras instituições de pesquisa, a Ômicron segue em circulação. Em nota encaminhada à Lupa, o instituto afirmou que as campanhas de vacinação foram bem sucedidas em reduzir o número de casos graves e óbitos, mas o vírus SARS-CoV-2 continua a circular no Brasil e no mundo, e que a variante, que representa a linhagem B.1.1.529 [Ômicron] e suas descendentes, engloba todas as linhagens em circulação atualmente.

É falso que a variante Ômicron não está mais em circulação e que vacina seja insegura para crianças
Gráfico mostra genomas identificados em janeiro de 2024. Fonte: Rede Genômica Fiocruz

Vacina Bivalente 

O imunizante bivalente passou a ser aplicado em fevereiro de 2023, e a nova fórmula foi desenvolvida pela necessidade de se estimular o organismo a produzir anticorpos contra a Ômicron, que é predominante no país há mais de um ano.

Apesar de oferecer proteção mais específica contra as variantes BA.1 e BA.4/BA.5, em entrevista à Lupa, o gerente de produtos biológicos da Anvisa, Fabrício Oliveira, afirmou que a bivalente também protege contra outras variantes da Ômicron. “Quando você coloca o componente Ômicron, você gera outros tipos de anticorpos já muito mais específicos para essa variante. Então, ainda que não seja a mesma, você tem a capacidade de neutralização por semelhança”, disse.

É uma vacina inócua, sem razão de ser, com riscos de você manipular a questão imunológica da criança, que está em formação, e desencadear uma doença autoimune

– Trecho da narração do vídeo que circula nas redes sociais

Falso

Ao contrário do que é afirmado pelo deputado federal Luiz Ovando no vídeo, o imunizante bivalente não faz parte do PNI (Programa Nacional de Imunizações) para a população pediátrica. Segundo afirmou o Ministério da Saúde em nota à Lupa, são disponibilizadas, para o público infantil, a vacina Pfizer Pediátrica (mRNA) e a CoronaVac (vírus inativado). 

De todo modo, ainda segundo a pasta, que monitora constantemente “Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (Esavi)”, o benefício das vacinas contra a Covid-19 supera o risco da não vacinação. “Com base nas evidências técnicas e científicas de eficácia e segurança das vacinas Covid-19 atualmente disponíveis e divulgadas amplamente, demonstrou-se que os benefícios da vacinação superam, e muito, o risco de não se vacinar, infectar-se e desenvolver a doença grave e suas complicações, incluindo a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) e a morte por covid-19”, disse, em nota.

No vídeo, o deputado reforça ainda que a vacina traz riscos para as crianças e que pode desencadear uma doença auto-imune, tipo miocardite e pericardite. O que também é falso.

O Ministério da Saúde ressaltou que as chances de desenvolver miocardite são maiores em pessoas que adoecem por covid-19, em comparação com pessoas vacinadas. “Por isso, o Ministério da Saúde mantém a recomendação da vacinação das crianças no Brasil”, apontou a pasta.

Segundo o médico pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, não existem evidências que mostrem a relação direta entre o desencadeamento de doenças autoimunes com a vacinação infantil. “A vacina é segura e até hoje não se demonstrou que ela manipula a questão imunológica e que vai desencadear a doença autoimune. Não tem nenhuma evidência de que indivíduos vacinados tenham mais doenças autoimune do que indivíduos não vacinados”, afirmou o infectologista em entrevista à Lupa

“É absolutamente descabida a informação de que vacinas de Covid, qualquer que seja a sua plataforma, vai aumentar risco de doenças autoimunes. Pelo contrário, nas vacinas, ao diminuir a Covid, você diminui o risco de vários desfechos da doença”, disse o representante da SBIm.

Segundo o Ministério da Saúde,ensaios clínicos (fases 1, 2 e 3) publicados, diversos estudos de pós-comercialização (fase 4), incluindo os dados de farmacovigilância, comprovaram a segurança da vacinação e o seu impacto na redução de hospitalizações e mortes.

Ambas vacinas disponibilizadas para o público infantil foram testadas antes de serem autorizadas e aprovadas por agências reguladoras em todo o mundo. Além disso, uma pesquisa publicada na revista científica Nature concluiu, em dezembro de 2023, que as vacinas de RNA mensageiro da Pfizer reduziram o risco da Covid longa (sintomas duradouros do Sars-CoV-2) em crianças.

“Sem a vacinação contra a covid-19, as crianças e adolescentes podem se tornar reservatórios contínuos de transmissão e infecção por novas variantes.  Além disso, os surtos escolares têm custos sociais e econômicos para toda a sociedade”, disse o Ministério da Saúde. A pasta ainda afirmou que segue “alinhado com todas as evidências científicas, com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) mais atualizadas para o enfrentamento da Covid-19”.

Outro lado

A Lupa entrou em contato com o deputado federal Luiz Ovando para que ele pudesse se posicionar sobre as afirmações analisadas na verificação. No entanto, até a publicação desta checagem, não foi obtido retorno.

Fonte: Agência Lupa

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