Força aérea faz exercícios de guerra em MS e relata histórias de resgate

- Publicidade -

Durante a sexta edição do Excon (Exercício Conjunto) Tápio, realizada pela FAB (Força Aérea Brasileira), representantes de países da América do Norte e da Europa estão em Mato Grosso do Sul para treinamentos de guerra. Os militares contam ainda com o apoio da população das cidades onde ocorrem os exercícios.

O comandante da Base Aérea de Campo Grande, Brigadeiro do Ar Eric Breviglieri, explica que a escolha da Capital e cidades de Mato Grosso do Sul para os exercícios se dá por terem as melhores condições para receber essas simulações. Os pontos altos do Estado vão desde acomodações para os participantes até terrenos e o clima favoráveis.

Nesta edição, além dos militares do Brasil, vieram até o país oficiais da Guarda Aérea Nacional de Nova York (NY ANG), braço estadual da USAF (Força Aérea dos Estados Unidos), e um oficial da Força Aérea Alemã.

“Nós temos nessas modalidades civis donos de terras também, porque assim, onde nós vamos pousar os helicópteros? Então, temos civis que abraçam e falam: ‘eu libero pra vocês pousar’ porque a gente depende de uma autorização, a gente não pode sair pousando em qualquer lugar. Então, é um exemplo que a gente tem. Tem apoio de hospedagem”, pontuou.


O treinamento que vem sendo realizado desde o dia 14 ocorre em nível coletivo, envolvendo todas as forças armadas. Durante os exercícios até o dia 1° de setembro, serão realizadas simulações de busca e resgate em cenários irregulares, como em guerrilhas e casos de terrorismo, por exemplo.

“Além dessas questões que são utilizadas em situações reais, de realidade do nosso dia a dia em benefício da sociedade, nós temos participação onde estamos preparados por exemplo com a participação da ONU onde lá existe esse título de situação [irregular] nós já estamos nos preparando se um dia, assim for desejado, que a gente irá agir numa missão dessas”, explicou Brigadeiro Eric Breviglieri.

Para a reportagem, o Major Sales reforça a importância dos treinamentos em cenários irregulares e ainda relata que esse tipo de exercício começou a ser realizado há poucos anos, em meados de 2019 a 2020.

A força de surgência, guerrilha que está muito mais em voga hoje no mundo atual. E é uma coisa muito mais volátil, tudo pode acontecer no terreno. E aí isso aí exige mais dos pilotos, das circulações, estarem preparados pra muito mais ameaças do terreno”, pontuou o major.

Os aprendizados durante a realização destas simulações são usados não somente em guerras, mas em apoio para órgãos de segurança pública em alguns trabalhos, como o combate ao garimpo ilegal e o desmatamento. Dentre as técnicas a serem aprendidas durante a Excon estão o voo em alta velocidade, em alturas elevadas e até de tiro embarcado.

“O tiro embarcado, é o que? Os homens de resgate vão a bordo com armamento portátil pra revidar caso necessário, aquele armamento ali é de alta proteção, existem regras de engajamento bem claras. Então ele não pode ser usado pra alguém que está atirando com pistolas porque é desproporcional. Tem que ter uma proporcionalidade também no combate, né? Que a gente só atira na autodefesa e pra se contrapor a uma ameaça clara, mas tudo isso é treinado em tempo de paz pra você aplicar na verdade para acontecer. O exercício também treina isso aí”, explica o comandante da Base Aérea.

Aeronaves – Várias aeronaves estão sendo utilizadas durante os treinamento, entre elas a A-1 comum em missões de ataques; a A-29, conhecido como o Super Tucano, que possui equipamentos essenciais para trabalhos de apoio aéreo aproximado, controle aéreo avançado e reconhecimento visual.

Também são usados o Hermes 900 que é uma ARP (Aeronave Remotamente Pilotada) de grande porte; o C-105 Amazonas, capaz de realizar missões de transporte tático e logístico, lançamento de paraquedas e cargas de evacuação médica, podendo ainda ser usada em operações de buscas e salvamento. Os militares da Guarda Aérea Nacional de Nova York trouxeram também outras aeronaves, como a C-17, HC 130 e a HH60.

O helicóptero H-36 Caracal também está dentro desse acervo. Tenente-coronel Teles relata que dentro da aeronave há espaço para 28 passageiros além da tripulação, que normalmente é formada por quatro militares.

“Ela tem a capacidade de fazer infiltração de militares, ela faz o reabastecimento em voo. Aqui no exercício a gente tá realizando o cessar, que é o resgate em combate, né? Então, nessa missão, em função das características dela de autodefesa que ela tem, o armamento, a gente consegue ingressar em território simulado inimigo e fazer o resgate dessas pessoas abatidas ou então precisando de socorro no terreno”, explicou.

Ainda de acordo com os militares, os resgates podem ser realizados tanto com o pouso quanto enquanto a aeronave faz o sobrevoo. As táticas aprendidas durante o treinamento são reproduzidas pelos militares durante o período de calamidade. A H-36 Caracal esteve presente durante as operações realizadas após o estouro da barragem de Brumadinho. A missão mais recente aconteceu ainda neste ano, no resgate dos indígenas yanomami.

“Então assim, esse mesmo treinamento que a gente usa pra guerra, a gente pode aplicar no nosso dia a dia, que é na verdade o que a gente mais faz pro Brasil. É um país pacífico, acaba empregando mais nessas missões de paz, né? Relacionado a resgate, apoio humanitário e grandes calamidades”, finalizou.

Emoção – Atuando em situações extremas, o tenente-coronel Michelson está em seu último ano como piloto da H-60 Black Hawk e como comandante de esquadrão em Manaus. Com 25 anos de experiência, tem muita história comovente para contar. Em curta conversa com a imprensa, o militar se emocionou ao relembrar resgates.

Um dos salvamentos que mais marcaram a sua memória foi o resgate de uma mãe da aldeia Yanomami que estava em trabalho de parto, com o braço de seu bebê para fora, há três dias. Mesmo com tempo não sendo dos melhores depois de um voo de mais de 4 horas, os militares conseguiram chegar no local, encontrar a mãe e levá-la para um hospital.

No dia seguinte ao resgate, o tenente-coronel ligou para o médico que estava a bordo para saber como estava a mãe. “Três dias com o braço para fora, ele disse que fizeram a cesárea de emergência, colocaram o bebe na bandeja, uma tristeza na sala de cirurgia e o bebê chorou. Aí os médicos largaram a mãe e se voltaram para o bebê. Daí o médico se emocionou, eu me emocionei [..] o bebê estava bem, tinha quebrado só a clavícula por terem tentado puxar e empurrar”, contou.

Seu helicóptero possui como missão prioritária as missões de resgate em momentos de calamidade. Por isso, o militar esteve presente no rompimento da barragem de Cocal, cidade de Piauí, em 2009, e até no acidente da Gol, em 2006.

“Levar comida, levar água, levar colchão, essa é a função dessa máquina. Levar o mínimo de conforto, até mesmo nas piores situações como foi no acidente da Gol, por exemplo, como foi da Air France. O fato de a gente recuperar aquele ente querido e entregar de volta para a mãe, os familiares para fazer a despedida é muito válido. Então esse é o nosso papel. E isso nos motiva, né? Isso nos dá força”, afirmou.

Fonte: Campo Grande News

Leia também

- Publicidade -

Enquete

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-