Miranda (MS) é o primeiro município brasileiro a oficializar uma língua indígena de sinais. A Língua Terena de Sinais começou na casa da professora Ondina Antônio Miguel, que precisou lutar para que os filhos surdos tivessem acesso à educação e inclusão. Assista ao vídeo acima.
Além de criar os sete filhos, Ondina foi além: criou uma língua para que três deles, que nasceram surdos, fossem inclusos no sistema educacional.
Tudo começou há 30 anos, quando, após três dias de início da vida escolar, professores pediram que ela retirasse os filhos com deficiência da escola. Sem saber comunicação em Libras, as crianças não eram compreendidas pelos educadores.
“O meu filho, o mais velho deles, começou a apontar as coisas, né? Não falava nada. A professora pediu pra eu retirar o meu filho da escola. Naquele dia começou aquela tristeza. Eu sofri junto com os meus filhos. Porém, aprendi muito com eles”, declara Ondina.
A atitude de Ondina foi reconhecida por uma Lei Municipal. Em Miranda nasceu a primeira Língua Indígena de Sinais, oficializada no país. Para os linguista que provaram cientificamente que a língua é diferente da Libras, este é um marco linguístico brasileiro.
“O Brasil possui uma rica diversidade linguística. São mais de 200 línguas de povos originários, mais as línguas de migrantes, de migração e as línguas de contato nas fronteiras. Existe indígenas surdos no Xingu, no Acre, no Amazonas, na Bahia, mas eles ainda não têm esse reconhecimento que está tendo aqui”, declarou a linguista Denise Silva.
Novos passos
Agora, a Língua Terena de Sinais precisa ser reconhecida como “Língua de Instrução”, para finalmente chegar às salas de aula da aldeia. O processo para aprovação está no Conselho Estadual de Educação.
Com o reconhecimento, a indígena terena Rosilene finalmente terá um ensino inclusivo. A jovem estuda junto de outros surdos, indígenas ou não. No momento da tradução, a jovem tem apoio dos professores.
“Às vezes eu estou sinalizando em Libras, na língua de sinais e, às vezes eu tenho a reposta em língua terena de sinais”, disse a professora que convive diretamente com o multiculturalismo.
A 1ª linguista surda de Mato Grosso do Sul, Shirley Vilhalva, destaca a conquista regional. “Com as línguas de sinais indígenas a gente precisa também fazer em relação às universidades, em relação à língua de sinais indígenas é um processo. É igual qualquer outra língua”.
Fonte: G1